quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Estranho Intimo

Vi um estrangeiro pelos quatro cantos da minha casa
Passeou na minha cama e dentro do meu armário
Foi aos poucos se tornando intimo de tudo
Um intruso afetuoso e misterioso

Não falo sua língua, não lhe conheço, não sei o que quer
Não me importa, gosto da sua companhia

Tenho seus olhos em meus movimentos,
na solidez de mim, nos poucos momentos entre nós
Pode vir, pode chegar, ou você me ganha
ou não vai ficar

Cada pedaço da casa eu te sinto presente
Você existe sem estar
Teu perfume entra com o vento pelas brechas da janela

Todo dia um recado, um bilhete, um scrap
Faz questão de me fazer lembrar,
mas quem disse que eu quero esquecer?

Aquelas flores de papel ainda não rasguei
Não me fazem mal, assim como você
Tua imagem está posta, selada na foto n'algum canto da prateleira
No alto, certamente onde eu não possa alcançar

E você também não possa me ver

Por muitas noites você não me deixou dormir
Agora já chega, me esquece, não me aborrece
Muda e fica mudo só olhando, não fala nada não
Esse momento agora é meu, intimo e particular
Não te permito mais nada, só olhar.

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