quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Metamorfose

A gente morre quando a névoa dos prazeres
não mais nos envolve e seduz.

A morte nunca se fez presente, ela é o triste interior,
o silêncio das alamedas.
É forte como o vento e os raios de um temporal.
A morte pode ser uma alegria pela sua coragem,
uma sedução pela sua incompreensível falta de explicação.
A morte assusta onde encanta e dança feito bailarina
nos corações atormentados.
Ela é mulher da vida e amante dos mortais.
Morte gêmea, companheira, cúmplice de todas as sacanagens.
Sorriso firme e pensamento revolucionário, ninfeta de anjos e arcaicos.
A minha morte, a morte feminina,
sensual como as mulheres de um prostíbulo.
Morte masculina, cheirosa como os homens de essência pura.
Morte dos cravos, das famílias, dos amantes condenados, dos porões e dos fantasmas.
Quero perder o medo e entregar a alma ao delírio, pois se sou de íntimo tudo, de um amor efêmero e berço aventureiro, mereço um mútuo começo do fim.
Quero da morte um espírito brincalhão,
guardado entre nomes e palavrão.
Espírito louco da paixão, efervescente nas multidões
e do gozo um tesão.
Que seja minha morte um motivo justo,
um perigo, um porre no carnaval.
Eu paro a banda! Quero no último suspiro soluçar cerveja e euforia.
Morte minha, morte mãe, mulher, mistério e moradia.

Espero a última mulher da minha vida.
A morte feminina

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