sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Mimo demais estraga

Você tem um novo brinquedo
mas sente falta do que não tem
Viver brincando é seu desafio
Conquistar o que é desconhecido
Desbravar pra desencadear novas emoções
Brincar é verbo predileto, desejo é impulso
Bola avante!!!

Quando o brinquedo fica conhecido demais
E não inspira desafio, você não quer brincar mais
Não te encanta o que já tem nas mãos
Ficou banal e sem mistério
Brinquedo gasto perde a graça
Fica viciado e enjoativo
“Quero aquele brinquedo novo da vitrine mamãe!"

Enquanto não chega mais um novo brinquedo
lembra de outro velho que largou na vizinha
Se encanta mais uma vez porque não lembra
De como era brincar com ele
Pensa que pode ser novo outra vez
Ah! Que inveja da vizinha
Vou tomar ele de volta pra mim!

Solidão que nada, tô comigo e não abro!



Escuto tanta gente falar em solidão
De mim escuto o silêncio que anda pela casa
Sozinha ouço mais e presto atenção
Sinto meu coração pulsar lentinho, calmo pelo caminho
Não sinto frio nem calor, temperatura e zona de conforto

Lembro de uma música quando passo pela cozinha
É estranho rir sozinha do que compartilhei
Mas solidão não é estar só
Solidão pode ser a falta de companhia
Mas eu gosto da minha e cuido dela com carinho

A tempestade pode vir e demorar a passar
Cada qual que procure seu abrigo
Corro com pressa pra casa, desejo de me aninhar
Eu to aqui sim, esperando meu coração voltar a acelerar
Mas por enquanto não tem espaço pra outro chegar
nem fazer bater descompassado e desgovernar
as batidas do meu.

Desculpe por não te deixar entrar!

Arvorecrescer



Ando sem pressa de encontrar
Sem pressa de perder ou me buscar
Prefiro recostar à sombra e aguardar
Acredito no tempo de semear

Ontem não me seduz mais
Hoje é calmo como um barquinho a velejar
Amanhã. . . Nem sonho nem planos faço
Penso que amanhã colho o que plantar
Por enquanto cuido da terra
Afofo o quintal pra depois brincar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eu vou abrir um bar só de fumantes, não será permitido não fumar!


Esse texto não é meu, ele pertence ao dono, com toda minha admiração! Só não poderia deixá-lo escapar dos olhos de meus leitores e amigos, por isso faço questão de postá-lo. Ah! A foto eu escolhi, essa boca da água na boca, assim como esse cigarrinho . . . http://www.jesusmechicoteia.com.br/

A mão peluda do Estado bolinando os negócios particulares
Corre, pega a estaca!
Todo mundo achando linda essa lei que proíbe o fumo em ambientes fechados. Eu não fumo, então poderia não dar a mínima pro assunto. Mas o caso é que não gosto de ver o Estado se metendo na vida das pessoas. O Estado que cuide do que é público: do que acontece na minha casa, cuido eu. No meu bar. Na minha empresa. Se eu resolver fumar, minha marida vai me mandar fumar na rua. E eu vou acatar, que não sou besta. Esse acordo vale para todos os lugares. Numa empresa:
— O que vocês acham, os funcionários devem fumar dentro da empresa ou não? Não? Então o que acham da gente reservar aquela sacada ali como fumódromo? Legal? Então pronto.
Eu trabalhei numa empresa que ocupava dois prédios de 20 andares. Havia uma área para fumantes no térreo e outra no 16º andar. Os que fumavam (eu fumava, na época) tinham que ir para uma dessas áreas quando queriam pitar um bocadim. No 16º tinha até uma lanchonete onde era permitido fumar — quem não tolerava fumaça podia ir a uma das outras lanchonetes do prédio, ué. Só que a lei do Serra proíbe os fumódromos, claro, e tira das pessoas o direito de decidir se vão tolerar ou não o cigarro, e em que nível.
Se o tabaco não é droga ilícita, então as pessoas devem decidir onde seu uso é tolerado ou não. A nova lei trata as pessoas como débeis mentais, e elas aceitam esse papel de bom grado. E se eu quiser abrir um bar só para fumantes? Por que o dono do bar não pode decidir se é permitido fumar lá no bar dele? Ou se é permitido só numa área? Quem achar ruim, que não vá ao bar dele. Outro dono de bar vai proibir o cigarro. Fumantes que achem outro lugar pra ir dar suas baforadas. Outro vai permitir o fumo totalmente e vender maços de Marlboro a dez reais pra encher o cu de dinheiro. O bar é dele, o cu é dele, o dinheiro também será.
Mas nãaaaaaaaao. O negócio é estimular o dedurismo (tem um 0800 pros dedos de seta), é jogar as pessoas umas contra as outras, é gastar dinheiro público pra fazer propaganda dessa lei tão legal. Tem até uma ampulheta, e eu imagino que começou a juntar gente em volta às onze da noite, tudo de ancinho e tocha na mão pra sair caçando fumante à meia-noite — sendo que há um ser muito mais perigoso à solta. Zé Serra quer proibir coxinha nas escolas, quer proibir quentão em festa junina, quer proibir cigarro nos bares. Daqui a pouco ele proíbe água benta na igreja e todo mundo vai achar bonito.
Aurélio Gois dos Santos 7 de agosto de 2009

Estranho Intimo

Vi um estrangeiro pelos quatro cantos da minha casa
Passeou na minha cama e dentro do meu armário
Foi aos poucos se tornando intimo de tudo
Um intruso afetuoso e misterioso

Não falo sua língua, não lhe conheço, não sei o que quer
Não me importa, gosto da sua companhia

Tenho seus olhos em meus movimentos,
na solidez de mim, nos poucos momentos entre nós
Pode vir, pode chegar, ou você me ganha
ou não vai ficar

Cada pedaço da casa eu te sinto presente
Você existe sem estar
Teu perfume entra com o vento pelas brechas da janela

Todo dia um recado, um bilhete, um scrap
Faz questão de me fazer lembrar,
mas quem disse que eu quero esquecer?

Aquelas flores de papel ainda não rasguei
Não me fazem mal, assim como você
Tua imagem está posta, selada na foto n'algum canto da prateleira
No alto, certamente onde eu não possa alcançar

E você também não possa me ver

Por muitas noites você não me deixou dormir
Agora já chega, me esquece, não me aborrece
Muda e fica mudo só olhando, não fala nada não
Esse momento agora é meu, intimo e particular
Não te permito mais nada, só olhar.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Encontro do mês

Estive na Festa do Zé Pedro e encontrei uma velha, (maneira de dizer, porque mais jovem impossível!) amiga e vizinha de Vila Isabel.
Mart'nália estava em ritmo de festa, já chegou escancarando, espalhando brilho e sorriso pra todo lado, largava alguns beijos também, aliás, essa é sua marca registrada.
Foi nos olharmos e nos reconhecermos, ela tão simples e do povo que pouco se importou em ser celebridade e eu apenas uma antiga vizinha, a neta da dona Edith. Bom, entrei no clima e acabamos bebendo, cantando, dançando e contagiando a galera com os nossos benditos sorrisos em preto e branco! Valeu Marti, valeu por ser Bendita! A gente se esbarra por aí novamente!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sou do Rio de Janeiro













Meu Rio de Janeiro, minha terra brasilis, meu berço esplendido
Rio de minh'alma, das águas claras, do azul e das aventuras
Do bom dia ao abraço, do por do sol ao posto vivo
Navego e brinco em ondas tuas, que me balançam, me rodopiam,
me acolhe, me-nina
Em teus braços me sinto rainha

Rio de sol, de mar,
Rio de montanha,
de castaca,
cachoeiras e fantasia

O meu Rio, o teu, o nosso Rio lindo de Janeiro a Dezembro
Rio dos estrangeiros, Rio de meninas e meninos
Rio todo meu, onde durmo, acordo e me bonzeio
Sou feliz de ser do Rio, carioca o ano inteiro!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fantasma

Olha pra mim
não adianta, pois não vais ver nada
Eu sou o vazio das noites desconsertadas
sou o suspiro dos amantes condenados
sou o sorriso do escuro fundo obscuro
Não tenho receios nem medos
sou o fantasma das mansões mau assombradas
sou o transporte das tristezas cansadas
sou o ruído das portas velhas enferrujadas
Não tenho pena nem dó
Olha pra mim!
Não adianta pois não vais ver nada.

Atração

Você tem alguma coisa forte
que atrai todos os meus sentidos
Me perco sempre no teu olhar,
no teu cheiro, na tua alma e na tua cama
Sinto nascer em mim tua mulher
nos confundimos entre pernas,

trocamos as identidade e nos fundimos,
me sinto entrelaçada e gostando de te morder,
Eu te prometi sair, não voltar, correr de você,

basta eu te encontrar pra disfarçar o meu querer
não adianta, minha atração é mais forte e volto pra você.

Metamorfose

A gente morre quando a névoa dos prazeres
não mais nos envolve e seduz.

A morte nunca se fez presente, ela é o triste interior,
o silêncio das alamedas.
É forte como o vento e os raios de um temporal.
A morte pode ser uma alegria pela sua coragem,
uma sedução pela sua incompreensível falta de explicação.
A morte assusta onde encanta e dança feito bailarina
nos corações atormentados.
Ela é mulher da vida e amante dos mortais.
Morte gêmea, companheira, cúmplice de todas as sacanagens.
Sorriso firme e pensamento revolucionário, ninfeta de anjos e arcaicos.
A minha morte, a morte feminina,
sensual como as mulheres de um prostíbulo.
Morte masculina, cheirosa como os homens de essência pura.
Morte dos cravos, das famílias, dos amantes condenados, dos porões e dos fantasmas.
Quero perder o medo e entregar a alma ao delírio, pois se sou de íntimo tudo, de um amor efêmero e berço aventureiro, mereço um mútuo começo do fim.
Quero da morte um espírito brincalhão,
guardado entre nomes e palavrão.
Espírito louco da paixão, efervescente nas multidões
e do gozo um tesão.
Que seja minha morte um motivo justo,
um perigo, um porre no carnaval.
Eu paro a banda! Quero no último suspiro soluçar cerveja e euforia.
Morte minha, morte mãe, mulher, mistério e moradia.

Espero a última mulher da minha vida.
A morte feminina

Encontro casual

Você fala brincando o que sério quero ouvir
e me diz que é você,
eu me entrego ao seu olhar
e as carícias que eu nunca senti
Eu sou uma mulher e você é bem vulgar
eu acho que vou me apaixonar
Mora perto dos meus dias e me convida pra dançar,
no fundo você só quer se aproveitar

Não tenho do teu vício, mas quero teus segredos,
o mistério dos teus olhos e o doce dos teus lábios
Eu quero me deixar levar, vou de encontro ao mar
Evito te encontrar, você evita me encontrar
Evitar é o nosso desejo de encontrar

Escolho querer

Não quero uva nem laranja, pode ser caju
quero todas as frutas, saladas e trufas
Não quero me escolher nem te escolher,
quero o que vier, quero tudo, quero nada
apenas quero e me basta querer
Porque ter de escolher?
O gosto do querer ainda não tem gosto
pode ser de você, pode ser de uva, maçã
ou quem sabe, hortelã
Só não quero perder o prazer de querer.

Fim de Festa

Acomodei-me no canto do teu canto
Vasculhei tuas gavetas já em pranto
Recusei-me ao toque do teu manto
Rezei para que tudo fosse engano
Pedi à meu coração que fosse manso
Fiz de conta que pra mim era espanto
Quebrei tua estátua de santo
Vesti meu traje de encanto
e vaguei a noite toda a procura
do teu olhar franco.

Mistério Sério


Turista do meu corpo,
fã nº 1 das minhas gargalhadas
nunca me pergunta se vou mal
sempre esquece de se despedir
cai às vezes por aqui e
ancora, demora.
Se me perguntarem por você,
vou escorregar pela cadeira
vou perder a fala
morder a língua
e não dizer nada.

Encantos do amor
















Enquanto existir tua fantasia de me possuir, estaremos amor,
interligados pelo sonho, pelos rumores dos alheios

Não te desperte, não percas a emoção
muitos dos teus sonhos já sonhei
naveguei pelos teus mares e me afoguei


Razão tens pra me amar,
pois muitas vezes te vesti de encantos,
por muitos anos te amei

Enquanto em nós morar o sonho, jamais te despertarei.

Cais

Vejo dias entrando em noites
Longas noites de velas, vinhos e novelas
Ando fazendo questão de me perder
Sem considerar os nomes e sobrenomes

Viagens reais que me levam, me conduzem
Entre umas e outras,umas ficam,
outras desaparecem,
Encontros inevitáveis e fulgazes
Nem lembro mais a cor do seu vestido

Tenho um cais que não é seguro
Balança demais, vez ou outra perde o rumo
Não ancora, não pára de enjoar
E eu que sempre fui de olhar o horizonte
Me sinto marinheiro nadando no ar

Nas noites que não durmo
Espero brincando encontrar a luz
Que seja do dia ou da noite
Que seja de qualquer cor
Não precisa ser muito difícil não
Caso seja, eu vou acabar dormindo
Ou enjoando.



O selinho

Tudo começou na década de 80 quando cursava o antigo 2º grau, éramos um grupo de amigos que mais parecíamos irmãos pela imensa entrega e envolvimento afetivo.
Naquela época, a poesia, a música, o movimento hippie, os ensaios de teatro, as roupas soltas e ousadas, as cores, a censura, a política e a liberdade de expressão foram ingredientes fundamentais para a nossa formação e transformação em cidadãos mais “cabeças”, irreverentes, ousados, liberados. Podemos afirmar inclusive que, com nossa ousadia e enfrentamento, contribuímos e muito, para que o mundo pudesse receber com mais liberdade, os que nasceram depois.

Então. . .Foi nessa inebriante descoberta da adolescência, ouvindo ainda The Jackson Five na voz do que viraria Michael Jackson, que dei meu selinho pela primeira vez. Esse ato naquela ocasião, era uma atitude e expressão de liberdade que transgredia, representava coragem, irreverência, poesia, afeto e desprendimento. Amigos de verdade se cumprimentavam e se reconheciam com um beijinho nos lábios, era seco mas representava intimidade e companheirismo, era chamado de estalinho e depois virou selinho.

Hoje tenho ainda seguidores desse movimento de afeto que independe de sexo, raça, religião, orientação sexual, etc e tal. Seguimos os moldes daquela época e disseminamos tal expressão de afeto entre outras décadas. Continuo a selar meu afeto de amizade no cumprimento com alguns amigos (as), aliás, selo afeto com beijinho na boca até com meu sobrinho e afilhado. Experimentamos a “bitoca” quando ele ainda tinha 1 aninho de idade e hoje, ele com 24 aninhos, namorando sério uma bela jovem (que aliás, nunca se incomodou), ainda continuamos a selar nosso afeto sem nenhuma represália ou interferência, sem ao menos nos lembrarmos de que o beijo é na boca, pois não é essa a questão mais importante – onde é o beijo, mas sim em quem é e o que representa.

O que vejo hoje são uns beijos audaciosos que me atrevo até chamá-los de maliciosos, entre alguns amigos (amigos?). Não, ainda não foi comigo, mas já existem e são experimentados por aí. Tudo começou quando uma amiga cumprimentou a outra com um beijo de língua por alguns segundos e, sem entender muito bem o que estava rolando perguntei: “Vocês tem um caso ou estão se pegando?” ela me respondeu: “Claro que não, somos amigas, nunca rolou e nem vai rolar nada, esse beijo é amizade, só isso!” Pensei cá com meus botões, que já não são os mesmos da década de 80 - “Como assim? Beijo de língua, beijo molhado com troca de salivas . . . o que sentem ou tentam transmitir uma para outra quando trocam esse beijo?” Não soube me responder, mas presenciei ali uma nova forma de selar uma amizade (de afeto?) em pleno século XXI e me senti fora de moda, me senti careta, incrivelmente ultrapassada! Diante desse superlativo beijo entre amigos (as) dos anos 2000 eu me senti uma bobinha, será que estou distribuindo pouco afeto entre meus amigos? Incrível, mas achei que ainda fosse moderno o selinho, achei que ainda fosse um gesto de carinho e amizade, de profundo afeto e entrega entre amigos íntimos e verdadeiros, aqueles a quem chamamos de irmãos, mas que não se desejam sexualmente. Hoje, alguns trocam as línguas e as salivas para selar amizade, na minha época, isso era “estar a fim, estar namorando, estar ficando”, mas NUNCA estar selando uma amizade. Acho que preciso me atualizar e rever meus conceitos. Como será que essa amizade de afeto íntimo e respeitoso estará sendo selada daqui há mais uns 10 anos?