sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Bula


Toda conversa entre boas amigas que se preza tem sempre a hora da pergunta que não quer calar, muito pelo contrário, quer ouvir e muito: “E aquele seu caso?”, entre outras modalidades pode se ler também “E aquele seu ficante, peguete, P.A ou B.A?” Vou facilitar um pouquinho para as que estão chegando à pista agora e precisam se atualizar, o “A” refere-se a palavra “AMIGO”, já o “P” e o “B” deixo por conta da imaginação de vocês.
Foi assim mais uma vez, entre um papo e outro, um encontro e outro, um copo e um bar, que comecei a escrever a bula, ouvindo uma conversa ( = confissões) entre amigas. Fiquei praticamente mumificada enquanto elas davam seus depoimentos. Só pensava na BULA, tinha até medo de me mexer e as idéias fugirem.
Quando perguntei pra minha amiga sobre sua situação, ela me respondeu: “Aquela parada não deu certo não, era DR (discutir a relação) toda noite, só queria falar, combinar nossas atitudes e formas de viver a relação, pô to fora!”. Hum hum, entendi, uma chatice presumida! A outra, quando questionada, disse que melhor seria que as pessoas quando interessadas nas outras, fossem mais diretas e objetivas, pois ela já havia sido enrolada o suficiente, estava na quinta tentativa e não estava feliz.
Pensei mais uma vez na bula!
Exemplo:
Fulano de Tal ( composição: 20% constituído de cérebro, 40% de massa muscular, 40% de tesão)
Indicado: Para mulheres extremamente carentes, que gostam de músicas do tipo “Você precisa de um homem pra chamar de seu”, “Você foi o maior dos meus casos...” linha Roberto/Romântica. Que topam assistir uma partida de futebol num domingo com os amigos dele e depois almoçar um churrasco no clube feito pelo próprio. Que não se importam se o sábado ou domingo é de sol praiano. Que mesmo que não bebam cerveja, não se importam se ele bebe e muito. Que admiram a lua da janela do quarto antes de dormir, pois a noite foi feita pra descansar e namorar.
Contra-indicado: Para mulheres politizadas, independentes, com renda superior a R$ 3.500,00, que moram sozinhas, que acabaram de sair de um relacionamento há pouco tempo, que gostam de dançar, viajar, ir ao cinema e encontrar os amigos pra uma balada na sexta-feira. . . Pode ser na Lapa. Sábado e domingo de sol ninguém a leva pra outro lugar que não seja a praia junto dos amigos e da cervejinha gelada ...

É mais ou menos isso. Bula hoje em dia faz uma falta tremenda às solteiras que estão na estação contando os vagões que passam. Já estive bom tempo na pista . . .ops, eu disse ESTIVE?
Bom, só quem está ou esteve na pista é que sabe como a bula é necessária. É claro que a gente cria métodos, instrumentos e vai se virando, tem a percepção das outras amigas que ajudam ou atrapalham. Eu disse atrapalham? Sim, porque a inveja existe! Na hora que pinta um só e te dá um mole, as outras três, que estavam com você na balada, morrem de raiva de você e começam a colocar defeito no cara, só te deixam confusa! Depois passa naturalmente, é só olhar pro lado e ver outro saradinho sozinho!
Outra coisa que, nós solteiras, desenvolvemos, foi aquela tal e danada intuição, mas se beber não confie nela de jeito nenhum! É pior do que bafômetro, te entrega sem pena nem perdão!
A experiência pra mim é a melhor, é o tempo de pista e desenvoltura que te dá condições de traduzir, revelar o RX do intencionado. Em quase 70% dos casos a gente acerta ou chega perto da descoberta da bula.
Confesso que tá difícil, muuuuuuuuuuuuuuito difícil mesmo ficar solteira hoje e acertar um dardo na noite, é claro que depende pra onde você vai, mas independente disso, só tem gente doida, carente, desesperada, bipolar, bombada, drogada e querendo ser adotada.
Quando se cai na estatística das 30% de chances da intuição errar, a gente entra em cada roubada, cada confusão. A pior delas aconteceu com uma amiga, não conto qual de jeito nenhum!!! Levou o cara pra casa e, na mesma noite descobriu que o dito cujo toma remédio "pros neuvos", tem vez ou outra uma convulsão, se trata com psiquiatra e seus remédios são todos iguais à bandeira do botafogo – caixa branca e tarja preta!!! Detalhe, ele saiu com ela e encheu a cara sem se importar com os remédios que toma, ela ainda não sabia. O resto da noite? Você nem imagina!!! E vai ficar sem imaginar porque se ela ler isso vai me matar!
Ai Jejuginho Cristinho!!! Dê logo a luz pra descoberta dessa bula!

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