segunda-feira, 4 de junho de 2012

Mistérios sempre há de pintar por ai

Ela mexeu no cabelo, pintou, jogou, balançou e depois se maquiou.
Se vestiu como se fosse a uma festa de arromba, daquelas que só se chega em casa com o sol anunciando outro dia. Tomou um táxi sozinha e foi em direção ao seu destino. 
Saltou antes pra dar tempo de no caminho desistir, pensou . . . riu . . .  quase chorou . . . mas seguiu em frente.
Ela chegou como uma princesa, à quem todos esperavam ansiosos, brilhou como uma estrela, deu os sorrisos mais forçados que conseguiu e ninguém percebeu. A alma estava preservada!
A noite foi leve, dançou, bebeu, conversou sobre tudo, se sentiu viva, livre e com a autoestima renovada, afinal ela estava se sentindo há meses como uma blusa velha, rasgada e esquecida no fundo da gaveta.
Pensou baixinho: Onde estive, onde estaria se não fosse hoje? 
Alguém lhe ofereceu uma bebida (quente) e ela aceitou só para não ser desagradável. Enrolou com o copo na mão como quem faz charme. Se fez de ouvinte por uns instante e pediu licença, foi em direção a mesa onde estava uma pessoa que ela achava ser alguém do passado . . . tomou fôlego, pensou em passar direto e nem falar nada, mas foi parada imediatamente como se reencontrasse alí alguém que jamais deixou de ser presente.
Ela ficou embaraçada, sem assunto, suas bochechas tremeram e seu sorriso congelou, mas mesmo assim foi agradável e tentou a superficialidade temporária, afinal aquilo duraria no máximo 5 a 10 minutos de cena. Se surpreendeu. Em menos de meia hora estava sentada rindo, bebendo e revivendo um olhar mais natural e familiar, sem medo e sem ameaça. Ela balançou a cabeça, pra num gesto reconhecido, deixar claro que estava gostando e logo foi compreendida.
Ela acabou a noite numa festa particular inserida na festa que foi convidada, aquilo estava sendo pra ela uma verdadeira festa! Seu coração foi aos poucos se acalmando, batendo no ritmo mais normal do seu estado . . . de repente se lembrou do compromisso que tinha no dia seguinte bem cedo. Levantou-se, despediu-se de todos como se fossem todos seus amigos mais chegados. Num rápido levantar de cadeiras, lhe foi proposto uma carona, afinal ela estava sozinha àquela hora e a pé... frágil e já sem nenhum batom. Sua resposta saiu antes mesmo de pensar, coisa de segundos e ela agradeceu a carona, mas ainda assim foi acompanhada até pegar o táxi. Quando estava se despedindo e agradecendo teve um De Já Vù e disse rápido: Todo o universo conspira para que os males sejam quebrados e os espíritos sejam libertados! Riu jocosamente, jogou o cabelo pra frente, voltou a cabeça pra trás e deu-lhe um abraço bem apertado como se ali agora, renascesse duas novas pessoas!
Chegou em casa ainda cedo e colocou um cd antigo pra tocar, preparou uma dose pra comemorar sozinha, seu telefone fez um barulhinho conhecido, correu pra ver e era uma resposta: "O tempo é misterioso mas sábio, ele leva pra curar e traz de volta pra abençoar. Somos papéis ao vento, precisamos voar alto sem medo e escrever com ousadia a nossa história. Te quero muito bem, te quero feliz e sorridente sempre. Obrigada!"
Ela esperava outra mensagem, outra pessoa, mas ficou ali lendo e relendo aquela mensagem como se nunca acabasse, como se lesse um livro de muitas páginas . . . enxugava as lágrima e tornava a ler, como se quisesse decifrar um enigma ou simplesmente o significado de tudo aquilo ... transferir o que estava lendo para a sua história atual.
Por fim, deitou cansada e exausta em sua cama longa e macia, deitou pensando em não sonhar mais do que já tinha sonhado acordada. Surpreendentemente rezou e adormeceu.

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