segunda-feira, 4 de outubro de 2010

COMER... REZAR... AMAR...


Não foi decepcionante não, mas também não foi tão emocionante como ler o livro. Costuma ser sempre assim, o filme parece não ser suficientemente capaz de transmitir toda emoção que o livro te fez sentir. É natural, eu acho. O livro tem palavras, frases recheadas de experiências, silêncios, pausas, nomes de pessoas e lugares, tudo pra você exercitar o imaginário, a projeção invisível da sua própria criação, te fazer pensar sobre as inspirações ainda não realizadas, as suas próprias decepções e aflições . . . O livro te remete pra dentro, te permite viajar e te faz personagem principal dentro e fora da história.

O filme até parece outra história, passada em outro momento e, apesar de lindo - já é, está pronto, desenhado, tem forma, cor, música e pessoas reais. . . Você gosta ou não gosta.

Enfim, o filme fez-me relembrar de quando li o livro. Foi um momento muito difícil que atravessei e tive de ser forte para me manter inteira, apesar de muito fragmentada. Muitos dos anseios e questionamentos que Elizabeth faz em seu livro, eu também me fiz. No ano de 2007 vendi minha casa, estava  morando num quarto na casa de meus pais e meus pertences ficaram por 1 ano num deposito, isso era pra mim quase um pedaço amputado. Ainda no mesmo ano, perdi minha tia, a pessoa pela qual nutria um sentimento muito forte, como se fora minha própria mãe.  Era como se o mundo estivesse se fechando pra mim,  passei momentos de angustia e desilusão com as pessoas e achava que nunca mais enxergaria colorido novamente. Pra finalizar, no ano seguinte terminei um relacionamento longo e estável mas que já estava desgastado e confuso pra ambos.

 

Como por providência do destino, ganhei o livro COMER, REZAR, AMAR no dia dos namorados e um mês depois estava solteira lendo o livro. Todo fim de relacionamento, por pior que ele esteja, quando chega a hora do fim te faz sofrer, recolher, repensar . . . e o meu caminho para o reencontro comigo mesma foi pela porta do autoconhecimento, do encontro com Deus interior, com a paz e o amor. Perdi muitas coisas e pessoas importantes nessa época, foi literalmente um ano muito difícil.

Assim, durante a leitura do livro, me vi muitas vezes na alma de Liz, era uma mistura tal que mais parecia “nossa” aquela história. Como ela, também fui em busca de Deus. E foi no budismo que me encontrei comigo mesma, que me perdoei, que me libertei dos “nós” invisíveis que vamos construindo e carregando ao longo da vida. Foi assim que literalmente encontrei o Deus que habita dentro de mim e que me conduz para o caminho da luz, da paz e do amor. Não sou pura nem perfeita, mas hoje tenho poucos medos, nenhuma raiva ou magoa, nada “mal resolvido”, pois sei que tudo que acontece é sempre para o bem, com o propósito de renovar e aprimorar. São os chamados para a reflexão, a pausa, o silêncio interior – a dor é como remédio ardido que cura – a lagarta precisa morrer para finalmente em forma de borboleta viver livre e voar colorida encantando outras estações. Processos fazem parte de nós! Nada é por acaso e por isso devemos nos permitir mais, confiarmos livres e de braços abertos, sempre prontos para novos ensinamentos e chamados.
Pra tudo há uma explicação, mesmo que leve muito tempo pra conseguir entender ou encontrar a resposta, a vida por sí só, se encarrega de nos mostrar e nos redirecionar. Pra isso basta estar com os canais bem abertos para ouvir, ver e sentir . . . Confiar em sí mesmo e nas suas intuições. Enfim, sigo na construção da minha história, feliz de ser quem sou, estar onde estou, aceitando mais as minhas deficiências e qualidades, me relacionando com as pessoas com mais paciência, afeto e liberdade, sem a menor pretensão de conduzi-las ou modificá-las. Hoje percebo e aceito melhor as diferenças e habilidades de cada um. Desapegada dos quadros, dos móveis, dos cômodos e, como diz uma amiga, querendo muito viajar minhas paredes.

O que fica são as lições aprendidas, o que pudemos ajudar a somar e o que nos ajudaram a compreender e aprimorar em nós mesmos. Com esforço, dedicação e fé, reconstruí minha vida material, emocional e espiritual, porque todo mundo merece, basta querer e acreditar que é merecedor. Todo mundo nasce pra ser feliz!

O filme é ótimo, o livro melhor ainda, ambos valem muito a pena!

Um comentário:

  1. Nossa!! Incrível como me identifiquei com seu modo de olhar a vida!!
    Concordo plenamente, tudo que acontece, tem uma razão e, mesmo que não seja na hora, um dia vamos descobrir qual era!!
    Fico muito feliz que tenha dado esta volta por cima tão bonita!! E uma crença nestes momentos é vital!!
    Morrendo de vontade de ler o livro e ver o filme!!
    Bjs!!
    Dan.

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